Gira-Disco, com Marcelo Pretto

O ciclo Gira-Disco relembra a cultura dos saraus, “discações”e chás musicais na sala de estar da Casa de Mário de Andrade, na Rua Lopes Chaves. No dia 10 de março, o músico Marcelo Pretto assumiu a vitrola da casa para mostrar especiarias de seu acervo pessoal de discos dos tempos dos 78 rotações.

Um dia, há mil anos, estava voltado da escola com a Julia Forlani e resolvemos dar uma parada na escola de música Espaço Musical Ricardo Breim para ver o que estava acontecendo. Sentado numa cadeira com um toca-fitas, estava o Marcelo Pretto, que falava para os alunos sobre sua formação musical mostrando músicas que o formaram como artista e pesquisador. Ao invés de passar o currículo, ele tocou umas gravações malucas e lindas, de 1930. Coisas lindas de morrer, que eu nunca tinha escutado na vida. Foi a primeira vez que eu escutei Jararaca e Ratinho! Foi a primeira vez que eu prestei atenção num disco de 78 rpm, sem me preocupar com o chiado! O Marcelo mostrou que é possível decifrar letras, texturas e ideias geniais por trás das poeiras todas. Mostrou que música antiga pode ser fresca, moderna! Aquele encontro mudou minha vida para sempre. Já faz uns 20 anos que eu sou fã desse rapaz, que além de ser meu cantor preferido, é meu guia para sons especiais! E outro dia eu fui na casa dele ouvir discos, e fiquei maluca de tanto escutar e conversar sobre coisas lindas e inusitadas!

*Marcelo Pretto* é Integrante dos grupos A Barca e Barbatuques e está se preparando para lançar o seu primeiro disco solo, BOI, que propôe um olhar contemporâneo sobre o Bumba Boi. Entusiasta do legado de Mário de Andrade no campo da pesquisa sobre a música brasileira, e caçador incansável de sonoridades “estranhas”, no melhor sentido da palavra, Marcelo construiu ao longo da vida um precioso acervo particular de discos de 78 rpm, vinis e fitas K7 e mp3s com os mais diversificados gêneros musicais. No encontro do dia 10, ele escuta e conversa sobre modernidade e frescor nas emboladas de Raul Torres, Almirante e Jararaca, invenções tecnológicas de Caco Velho, gargalhadas sinfônicas de Eduardo das Neves, e Alberto Ribeiro fazendo poderosa crítica social.