Episódio 1 – A escuta do tempo

programa mensal veiculado na Rádio Batuta, com retransmissão pelas USP FM e Rádio MEC.

“Maravilha do Século XIX! A máquina que fala, canta, ri, chora, ladra, mia, e toca solos a piston!”. Assim foi anunciada a tecnologia de gravação e reprodução do som que desembarcava no país com a promessa mágica de imortalizar vozes e encurtar distâncias.

Máquinas falantes, música em conserva, modernidade, chiado. Neste episódio de estreia, apresentado por Biancamaria Binazzi, Gramofônica percorre o início da história da música gravada no Brasil, desde a invenção do fonógrafo de Thomas Edison em 1887 até as primeiras experimentações de música brasileira em disco produzidas por Fred Figner no Rio de Janeiro.

O programa conta com participações de Andreas Triantafyllou, Martha Tupinambá de Ulhôa, Juliana Pérez González, José Geraldo Vinci de Moraes, Miguel Ângelo de Azevedo (Nirez) e Otacílio Azevedo.

Escuta AQUI

Lado A: Chiado Chiando. Edison, o eletricista – Cilindros, bolachas e o som engarrafado – As anatomias do disco 78 rotações (que nem sempre girou a 78 rpm) – Era Mecânica, malabarismos para fazer a música caber no disco.

Lado B: Rua do Ouvidor. Fred Figner, o mercador de engenhocas tcheco que se tornou o primeiro produtor fonográfico do Brasil – O “popularíssimo” Bahiano, o “apreciadíssimo” Cadete, Mário Pinheiro, Eduardo das Neves e a primeira fornada musical da Casa Edison.

Biancamaria Binazzi é radialista e pesquisadora musical. Mestra pelo Instituto de Estudos Brasileiros (IEB-USP), desde 2004 atua na pesquisa e na difusão da música brasileira registrada em discos de 78 rotações e cria programas de rádio, rodas de escuta, discos, shows e exposições. É uma das idealizadoras do projeto Goma-Laca.

 

 

Gazeta de Notícias – 3 de novembro de 1879

Repertório

(para ouvir todas as músicas na íntegra, acesse a playlist deste episódio no site Discografia Brasileira)

Garota dos discos (Wilson Batista e Afonso Teixeira) – Quatro Ases e um Curinga – 1952

Fonógrafo (Francisco Lima) – Terceto Francisco Lima – 1914

Trem oriental (B. Toledo e Pato Preto) – Alencar Terra (acordeon) – 1954

Firin-fin fon-fon (Peterpan e Milton de Oliveira) – Rosina Pagã, Fon-Fon e sua orquestra – 1941

Trem vazio (Valdemar Gomes e Sebastião Fonseca) – Zito Borborema e seus Cabras da Peste – 1958

De papo pro á (Joubert de Carvalho) – José Menezes e seu conjunto com Abel Ferreira – 1951

Vitrola antiga (Emanoel Gitahy e Oldemar Magalhães) – Sônia Delfino – 1956

Ô de casa (Batista Júnior) – Batista Júnior  – 1929

O capoeira – Bahiano – 1903

O gondoleiro do amor (Castro Alves e Salvador Fábregas) – Mário Pinheiro – 1910

Isto é bom (Xisto Bahia) – Bahiano – 1902

Isto é bom (Xisto Bahia) – Eduardo das Neves – 1908

Coió sem sorte (Eduardo das Neves) – Bahiano – 1905

Casa Edison na ponta (Henrique Escudero) – Banda Escudero – 1913

Cavatina / Sonâmbula – Malvina Pereira – 1904

O vatapá (Paulino do Sacramento) – Pepa Delgado e Mário Pinheiro – 1912

Flor santa (Alberto de Oliveira e Cadete) – Cadete – 1913

Em um café concerto – Eduardo das Neves, Isaura, Mário Pinheiro e Nozinho (1909)

Bolimbalacho (Bahiano) – Bahiano (1902)

Bolimbalacho (Bahiano) – Eduardo das Neves (1908)

BolimBolacho (Bahiano)  – Mário Pinheiro (1910)

 

Apresentação, roteiro e edição: Biancamaria Binazzi

Finalização de áudio: Emerson Ramos

Trilha sonora original: “Bem te Vi” – Alisson Amador

Identidade visual: Annamaria Binazzi

Vocais: Mariana Ferrari, Sandra Valenzuela, Jessica Albuquerque e Leandro Tigrão

Locução: Bia Paes Leme

 

Fontes e caminhos:

A Casa Edison e seu tempo (Humberto M. Franceschi)

A era do disco (Lorenzo Mammì)

A música popular gravada: modinhas e lundus (Martha Tupinambá de Ulhôa)

Audible past (Jonathan Sterne)

Criar um mundo do nada: a invenção de uma historiografia da música popular no Brasil (José Geraldo Vinci de Moraes)

Da música folclórica à música mecânica: Mário de Andrade e o conceito de música popular (Juliana Pérez González)

Capturing sound: how technology has changed music (Mark Katz)

Discografia Brasileira em 78 rpm: 1902-1964 (Alcino Santos, Miguel Ângelo de Azevedo Nirez, Grácio Barbalho e Jairo Severiano)

Música Popular: do gramofone ao rádio e TV (José Ramos Tinhorão)

Música em 78 rotações (Camila Koshiba Gonçalves)

Registro sonoro por meios mecânicos no Brasil (Humberto M. Franceschi)