A partir de um estudo de caso sobre o intercâmbio de discos folclóricos entre a Discoteca Pública Municipal (hoje Discoteca Oneyda Alvarenga, no CCSP), vinculada à Divisão de Expansão Cultural do Departamento de Cultura do Município São Paulo e a Divisão de Música da Biblioteca do Congresso em Washington (American Folklife Center) durante o período da Segunda Guerra Mundial, estudei objetos e práticas sonoras ligados à fonografia como mediadores de trocas, circulações e transferências culturais e tecnológicas.
Sob incentivo da Política da Boa Vizinhança e financiamento do Fundo de Emergência de Guerra do Departamento do Estado dos Estados Unidos, o convênio entre as duas instituições promoveu não apenas a troca de material fonográfico sobre música das Américas a ser apreciado pelos meios científicos e artísticos, mas também teria favorecido um intercâmbio de conhecimento tecnológico em um momento em que países da América estavam engajados formação de arquivos sonoros de música folclórica. Nesse contexto, a gravação, conservação e difusão da música folclórica em discos de acetato em 78 rpm seriam importantes ferramentas para construção de imaginários sonoros de identidades coletivas.
A partir da correspondência trocada entre Mário de Andrade, Oneyda Alvarenga, Harold Spivacke e Alan Lomax, tentei entender em que medida o intercâmbio foi considerado uma “emergência de guerra” pelo governo dos Estados Unidos e como o projeto da Discoteca Pública Municipal, idealizado por Mário de Andrade e dirigido por Oneyda Alvarenga, teria se beneficiado com a parceria, apesar da recusa inicial revelada na correspondência analisada. A pesquisa partiu da hipótese de que, apesar da aparente resistência em integrar o projeto do governo norte-americano, a instituição paulistana aceita o convênio pelos benefícios tecnológicos que garantiriam a preservação e difusão do material fonográfico no território nacional.
A pesquisa foi realizada entre os anos 2016-2019 no Instituto de Estudos Brasileiros (IEB-USP) sob orientação da profa. Dra. Flávia Camargo Toni. A banca de defesa foi composta por Márcia Tosta Dias, Fernando Iazzetta e José Geraldo Vinci de Morais em novembro de 2019.
Para baixar e ler a dissertação, aqui.
Agradeço a Flávia Camargo Toni, minha orientadora, pela confiança e por apontar os caminhos.
Aos professores faróis que iluminaram novas ideias ao longo do percurso, Márcia Tosta Dias, Paulo Iumatti, Fernando Iazzetta e José Geraldo Vinci de Moraes, Ana Paula Simioni, Caio Dias, Marco Antonio Moraes, Lilia Schwarcz, Walter Garcia. Rafael Velloso, Pedro Paulo Salles, Valquíria Carozze, Pedro Aragão.
Association or Recorded Sounds Collections (ARSC) e Elias Savada pela bolsa de viagem para participar do Congresso em Baltimore (2019), Music Library Association (MLA) pela bolsa de viagem para participar do congresso em Orlando (2018). John Sheppard, Carol Hess, George Boziwick e Michael Crowley pelas trocas, encontros, cartas de recomendação e paciência com o meu inglês macarrônico.
Todd Harvey e toda equipe do American Folklife Center da Biblioteca do Congresso pela receptividade e inspiração.
Elisabete Ribas e toda equipe do Arquivo do IEB. Viva o arquivo mais gostoso de se pesquisar!
Aos amigos da Discoteca Oneyda Alvarenga: Aloysio Lazzarini, Álvaro de Souza, Antonio Dantas Teixeira, Bruno Renato Lacerda, Eduardo Navarro, May Kahtouni, Ivamilto Couto Farias (Vavá), Jefferson Luís Gonçalves da Motta, Jackson Costa de Oliveira, Vivian Tavares da Costa, Eliana Alcoba de C. Rodrigues, Pergy Nely Grassi Ramoska, Rafael Vitor Barbosa Sousa, Marina de Siqueira Pozzoli e Edson Marçal de Assis. Evaldo Piccino, Vera Cardim, Jessica Barreto, Bruno Esslinger, Marta Fonterrada, Chicão, Wilma Martins de Oliveira e Henrique e Janete El Haouli.
Marcio Yonamine, por me apresentar as cartas da Oneyda Alvarenga Alvarenga para o Mário de Andrade e fazer despertar a nossa Missão de fazer circular pesquisa pelos mundos das artes e artes pelos mundos da pesquisa.
Aos colegas de academia Eduardo Sato, Marcel Souza, Said Tuma, Juliana Gonzalez, Luisa Valentini, Virginia Bessa, Flavia Prando, Fernando Binder, Marcelle Andrade, Gabrielle, Ana Lucia, Priscila Ribeiro, Pedro Fragelli, Paulo Khoury, pelos papos, inspirações e estudos em grupo.
Enrique Menezes, pela contribuição fundamental no terceiro capítulo e pelo incentivo desde a primeira faísca de ideia até o burilo das últimas palavras.
Maria Cristina Costa e Daniele Lopes da Secretaria de Pós Graduação do IEB, pela paciência com minhas confusões.
Carol Yabase, Rosana de Miranda, Tim Durkin e Judy Durkin, pela força nas traduções.
Goma-Laca, Alessandra Leão e Rodrigo Caçapa pelas trocas e aprendizados sobre a música viva e seus cantadores.
Gilberto Inácio Gonçalves, Claudevan Melo e a todos os colecionadores de discos 78rpm, guardiões da nossa memória musical.
Aos amigos André Avorio, Anna Thereza Menezes, Gabriela Longman, Julia Utsunomya, Patrícia Moll, Isabela Pulfer, Gustavo Ferrão pelo carinho. Bruno Almeida, Lincoln Endo, Carlos Komino, Satomi e Renata Gelamo, pelos pés no chão.
André Flexa, pela revisão, copos d’água e todo o amor.
Meus pais, meus irmãos.