07 abr Verdadeiramente vivo
Postado às 15:12h
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Gesso – Manuel Bandeira
Esta minha estatuazinha de gesso, quando nova
-O gesso muito branco, as linhas muito puras-
Mal sugeria imagem de vida (Embora a figura chorasse).
Há muitos anos tenho-a comigo.
O tempo envelheceu-a, carcomeu-a, manchou-a de pátina amarelo-suja.
Os meus olhos, de tanto a olharem, Impregnaram-na da minha humanidade irônica de tísico.
Um dia mão estúpida Inadvertidamente a derrubou e partiu.
Então ajoelhei com raiva, recolhi aqueles tristes fragmentos, recompus a figurinha que chorava.
E o tempo sobre as feridas escureceu ainda mais o sujo mordente da pátina…
Hoje este gessozinho comercial É tocante e vive, e me fez agora refletir
Que só é verdadeiramente vivo o que já sofreu